Carta de um Profissional de Educação Física




Oii!!!

Recheado de alegria e com o desejo que estejam todos bem e correndo feliz, segue a íntegra de artigo de minha autoria publicado hoje no Jornal Diário da Manhã.

Vocês podem conferir na versão online do jornal pelo link: https://impresso.dm.com.br/edicao/20170720/pagina/23

Ou aqui, na íntegra.

Grande Abraço a todos!!


“Carta de um Profissional de Educação Física”

Desde que as inovações tecnológicas foram apresentadas a nós simples mortais começou-se uma discussão da relação entre pontos positivos e negativos da inserção tecnológica no cotidiano traduzida por meio de smartphones, computadores, internet, aplicativos, redes sociais, sites de busca e outras tantas.
               Nesses últimos anos, numa velocidade frenética, somos bombardeados com milhares de aplicativos, prometendo desde identificação de plantas com o simples uso de sua câmera de celular e até algumas coisas duvidosas, como identificação de possíveis doenças de acordo com sintomas e outras coisas mais.
               Com esse “boom” de ofertas e promessas milagrosas desses aplicativos, fica a dúvida em até que ponto os profissionais “reais”, presenciais estão sendo preteridos por essas plataformas. Nessa semana, visualizando o feed de notícias de uma rede social, vi uma postagem patrocinada de um grande site do segmento esportivo com a seguinte colocação: “Os aplicativos podem substituir os treinadores”? Nesse caso, estavam indagando de aplicativos direcionados a prática de corrida poderiam substituir os treinadores, ou seja, se a simples visualização de uma “planilha” no aplicativo, com suporte “online” de um profissional (o que duvido muito), poderiam substituir o treinador “real”, que lhe acompanha e prescreve atividades físicas, planilhas.
               A primeira reação que tive foi de extrema objeção, repulsa a esse questionamento. Infelizmente é um debate válido, frente a problemática que estamos vivenciando com uma série de pessoas fazendo opção por aplicativos que prometem entregar planilhas de atividades uma série de outras coisas, por um determinado preço ou, em alguns, por custo zero!
               Há muito tempo venho questionando se o Profissional de Educação Física realmente é valorizado, respeitado e ouvido. Cada vez mais chego a respostas divergentes. A relevância do Profissional de Educação Física e da atividade física no contexto da saúde é cada vez mais corroborada por uma série de artigos bem fundamentados e feitos em parceria com outras áreas como a medicina, fisioterapia, nutrição e outros.
               A partir do momento em que uma pessoa opta por um aplicativo em detrimento do Profissional de Educação Física presencial, diretamente (de forma consciente ou não) ele desvaloriza e desqualifica o profissional capacitado para ajudá-la.
               Explico agora meus “porquês”. Os aplicativos do segmento fornecem uma proposta de atividade física já com a opção de direcionamento do tipo: “ Emagrecimento? Correr 5k em menos de 30 minutos? Ganho de massa muscular? E como adicional, para justificar o investimento de uma pessoa que faz a adesão a esse tipo de aplicativo, fornecem suporte técnico de um “personal online”, vendendo a proposta que ele está ali pra lhe ajudar com o seu objetivo. Na minha concepção pessoal, profissional que se preze não se sujeita a ganhar dinheiro dessa forma. De maneira grosseira, posso dizer que ele está sugando dinheiro de um sujeito que do outro lado da telinha está sedento por objetivos e atraído pelas falsas promessas e fotos da beleza física de homens que se aproximam de deuses gregos ou de uma mulher que está afoita para ter o “shape” da Gracyanne Barbosa.
               Existem aplicativos sérios que realmente trazem instruções sobre a prática de atividades físicas, dão dicas valiosas, mas deixam um friso enorme “antes de iniciar a prática esportiva, consulte seu médico e faça atividades somente sob orientação de um Profissional de Educação Física”. Mas daí você pode me argumentar que o personal “online” está te orientando, que as planilhas são feitas por Profissionais de renomadas assessorias esportivas e/ou academias. Ora! Quantas vezes esse “personal” lhe viu? Ele esteve com você, fez uma devida avaliação física? Anamnese? Viu seus exames médicos? Sabe de suas particularidades?
               A presença física, o contato direto com o Profissional é absolutamente indispensável, para a prescrição de atividades físicas seguras e eficazes. Os aplicativos são poderosos parceiros se usados somente como sistematizador de dados, registradores de evolução e outras ferramentas. Há Assessorias Esportivas sérias que se utilizam dessas plataformas para orientar seus alunos, inserir planilhas de treinos, mas sempre há o momento desses profissionais que eles estão presentes com esses alunos, permitindo uma observação in loco de uma série de variáveis. Os aplicativos são ferramentas poderosas de auxílio para aqueles alunos cujo perfil não permite que se faça as aulas com a presença do Profissional. Mas nesses casos específicos já há uma relação real, presencial estabelecida entre Professor/Aluno, com encontros esporádicos. E a planilha de atividades nesse caso normalmente segue um perfil direcionado para o aluno.
               Há quem me diga que segue planilhas de exercícios de determinados sites/revistas. Do ponto de vista técnico há conteúdos bons ali. Mas nem sempre seguem seu perfil e na maioria das vezes requer atenção e adaptação feita por um profissional “presencial”. Não vou condenar quem segue planilhas de sites ou faz assinatura de determinados aplicativos para receber uma proposta semanal de atividades, com a supervisão do personal “online”. Cada um tem de entender as escolhas que fazem. Mas a partir do momento em que a pessoa toma essas planilhas como verdade absoluta sem sequer terem tido a devida orientação profissional ela colabora para a desvalorização do Profissional de Educação Física e ainda mais, está sujeita a lesões osteo-musculares frequentes fazendo ainda com que erroneamente a pessoa julgue que determinadas práticas esportivas causam “lesões demais”.
               Não faz sentido também dizer que o acesso ao Profissional de Educação Físico é difícil ou que os “Personal Trainers” da moda são caros e para isso você opta pelo aplicativo. Há excelentes profissionais e maus também infelizmente. Há sempre um que cabe no orçamento, disposto a lhe fornecer uma planilha sistematizada de atividades físicas em respeito ás suas individualidades biológicas. Quando você opta pelo aplicativo em detrimento de uma boa academia ou um personal você acaba contribuindo para a desvalorização e desmotivação de quem está ali presencialmente pronto a lhe ajudar. Com atividade física não se brinca. É fundamental uma orientação de um profissional.
               Infelizmente, ainda lutamos para a nossa valorização e inserção de nossas contribuições enquanto ferramenta poderosa na promoção de saúde e prevenção de doenças. Muitos de nós somos mal remunerados e subjugados na nossa profissão. Há quem ache que correr é simplesmente calçar um tênis e sair correndo, seguindo as orientações de uma revista da moda. Esquecem que somente o Profissional vai lhe passar os exercícios corretos, sistematizar seus treinos, planejar sua evolução e poder colaborar com seus anseios e índices de saúde.
               Valorizem o Profissional de Educação Física. Reconheçam e entendam sua atuação profissional e façam um paralelo real dos benefícios da atividade física com uma boa saúde. Não se atenham somente a dizer que “caminhada é bom pro coração”. Há muito mais do que isso. Podem usar os aplicativos sim, mas como ferramenta de apoio, como incentivo, como rede social, como registro de atividades. Há muitas maravilhas tecnológicas nesse sentido. Mas usar o aplicativo como dono da verdade e substituindo o Profissional presencial, jamais!



Professor Ricardo Carneiro Rocha
Personal Trainer
Licenciado e Bacharel em Educação Física
ricardo.aesp@gmail.com

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