21km em Caldas Novas - Raça, coração e alegria!


Oiiii!!! Como estão todos vocês? Coração tranquilo? Rodando muitos km por aí??

Mais uma corrida gostosa!!! Como venho fazendo, uso aqui o espaço para conversar um pouco sobre o que aconteceu comigo neste último final de semana.

Goiânia – Caldas Novas, 26/11/2016 – Sábado 


Despertei de um sono curto ás 05 da manhã. O corpo já vem me avisando há algum tempo do cansaço físico. Tenho dormido sempre tarde, essa semana muito por conta das atualizações deste blog onde cada post sempre leva um tempo considerável para ser construído. Mas o resultado final sempre espero que esteja ótimo.
Levantei, logo me arrumei e já estou em direção ao Jardins Mônaco para mais um dia de aula. Naturalmente a viagem de Caldas Novas já estava em meus pensamentos. Dividia meu pensamento entre o plano de aula que iria ser executado em instantes, com detalhes da viagem.
Chego no Jardins ás 06h da manhã e logo ocupo meus pensamentos com detalhes do plano de aula que tracei. Não tive dificuldades. Na verdade estranhei minha pouca ansiedade. Normalmente, costumo ficar agitado, sempre elétrico. Será cansaço? Chego em casa ás 09h, arrumo minhas coisas e parto com minha família e meus pais. Dessa vez fui acompanhado de todos  diferente do que foi em Brasília há duas semanas. A diferença é que nessa eu tive meus paitrocinadores. Brincadeira, rsrsrs! Na verdade, ir em Caldas Novas sem as crianças não dá né?
Uma viagem tranquila. Sempre que vou em Caldas Novas, nunca abro mão de algumas paixões que tenho. Uma é comer o pão de queijo com lingüiça do Pedra Branca, aquele depois de Hidrolândia, outra é saborear um ótimo quibe no Kibarlana em Piracanjuba. Na ida sempre escolho um. Foi então o Pão de Queijo com linguiça!  

Já chegando em Caldas Novas, fazendo minhas orações em silêncio, avisto logo de cara a estrutura que estava sendo erguida para a corrida de amanhã. Havia muita gente naquele espaço provavelmente buscando o kit e se ambientando ali.

Preferi ir para o Hotel, me acomodar, almoçar primeiro e depois com a calma necessária ir buscar esse kit. Chegando no local de retirada do kit ainda muito movimentado começo meus registros fotográficos começando a me ambientar naquele ambiente. Caldas Novas estava, naquele momento, com um sol considerável mas nada exagerado. Debaixo da tenda aguardando a entrega dos kits, começo a suar, derretendo totalmente. Sentindo um calor danado. Agora sim minha agonia estava voltando. Estava meio enrolado ali, fila não andava direito. Depois de pegar o kit e conferir se estava tudo certo, volto para o Hotel afim de curtir águas quentes e brincar um pouco com as crianças. Criança não para...rsrs. Na medida do possível, tentei me divertir com eles e aproveitar essa tarde.



Por volta das 17h, completamente relaxado e tranquilo nas piscinas, me lembro que havia combinado com o Glaucio para irmos ver o percurso. Rapidamente tomei um banho e ele gentilmente me buscou na porta do Hotel. Glaucio é um corredor, morador de Caldas Novas e nos conhecemos via Blog/Facebook. Coisas boas das corridas é  conhecer tanta gente diferente. A ele, meus agradecimentos pela atenção para comigo.
Fizemos todos os 21k de carro e enquanto ele me falava cada caminho minha cabeça está girando, pensando em cada detalhe. Muitos locais que passei com ele, me recordava bem. Mas pude ter uma noção exata, real do que iria enfrentar somente depois que fizemos esse percurso. O medo tomou algumas formas. Eu vi ali um percurso extremamente desafiador, pesado. Mas medo, a gente bate de frente. Procurei relaxar. Na postagem que fiz no Blog, previa essas dificuldades, mas era necessário que eu visse o percurso de perto, afim de tirar todas minhas dúvidas.
Agradecendo pelo tour que fizemos, voltei ao Hotel, peguei as crianças e fui levar eles para brincar no Parque da Cidade. Minha cabeça naquele momento já estava nas subidas que iria enfrentar. Logo mais tarde encontramos meus pais e devorei um prato de macarrão delicioso na Pizzaria do DiRoma. Ainda tive de ir buscar um Pastel de chocolate para minha filha, que estava me cobrando sem parar essa “iguaria”. Depois de ver o rosto dela lambuzado, nos recolhemos cedo. Pouco antes das 22h, cai num sono profundo.

Caldas Novas – 27 de Novembro de 2016 – Domingo

Subida! O primeiro pensamento do dia, por incrível que pareça. Levantei da cama e aquela famosa dor de panturrilha que acha que me assusta, resolveu dar um oi. Logo, viro meu pensamento e arranco qualquer pensamento negativo.
Animadamente, me preparo, me sentindo o Power Ranger vestindo armadura. Tomo o café da manhã tranquilamente e sigo a pé para o local da corrida. Estava hospedado bem perto do local. Chego no local e toda aquela atmosfera de corrida, pessoas, movimento, coisas que adoro.



Começo a corrida com aquela mesma sensação de sempre. Adrenalina, corpo pedindo mais e mais. Sabendo das dificuldades (ou não), começo a prova em ritmo tranquilo. Os primeiros 5k, nada diferente. Visuais diferentes pessoas passando, mas nada de diferente do que estou habituado. Salvo minha prudência, fiz tranquilamente. Já me surpreendo com a beleza do lugar, organização e ótima fluidez de corrida. Passamos por Avenidas pouco movimentadas, mas logo depois começamos a ir em locais que boa maioria dos turistas podem conhecer. O medo começava a tomar forma pois toda a calmaria desses primeiros km se mostrariam mais tarde uma parte dolorosa.
Na altura do km7 passando ali na avenida ao lado da Pousada do Ipê a prova começa a mostrar a que veio. Fizemos cerca de 2km em subida, embora não muito inclinada, mas persistente. Naquele momento comecei a ter cautela e tirei um pouco o pé. Sabia que qualquer exagero me custaria a prova. Eu já estava ciente que não poderia pensar em uma prova sub2h.
Passamos pela Avenida E, a que tem um estilo similar da Ricardo Paranhos. Mas me sentia bem, tranquilo. Não tive absolutamente nada. Na altura do km9, quando começamos trecho favorável, olho para o relógio e me dou conta que o ritmo desenvolvido até aqui está próximo do que foi em Brasília. Com uma diferença de 2min para mais. Nas avenidas seguintes, passando por  alguns bairros, foram bem tranquilos. Me permiti imaginar chegar perto de 2h. Na altura do km 11, 12, já passando pela Câmara de Vereadores de Caldas Novas e pegando a subida de volta na Pousada do Ipê começo a sentir um pouco, mas dentro do esperado. Quando finalmente chego na temida parte final dos últimos 6k e avisto a subida tenebrosa da Av. Elias Bufaiçal em instantes, procurei manter a calma, concentrando na técnica. Subi sentindo as pernas. O esforço ali era evidente. Estava passando naquele momento, pelo trecho de maior inclinação, altura do km 15 e se permaneceu assim por cerca de 1.2km. Diminui consideravelmente meu ritmo, mas o tempo todo numa onde de trote. Dali em diante, pequenas descidas, e subidas longas. Subida, Subida. Num esforço brutal que não cedia. Minhas pernas começaram a doer. Me lembro daquela sensação somente na primeira vez que disputei a São Silvestre em 2014. Pernas endurecendo, indicando uma cãibra logo logo. Na Avenida Orcalino, na altura do km 17 quando comecei a pegar ela em descida olho para a minha esquerda e vejo o pessoal no fim dela no lado oposto e tenho a certeza de que se está complicado para mim, imagina para os caras que acabaram de enfrentar mais uma subida. Já aproximando do retorno nessa avenida, sinto minha perna endurecer. “Fudeu”, pensei. Mas segui tranquilo. Permiti-me andar em ritmo moderado por cerca de 200, 300 metros e retomar minha corrida tranquilamente. Naquele momento, a dor chegava no ápice. Na reta final de prova, o fôlego estava relativamente normal para uma prova dessa distância, mas as pernas duras e numa onda de cãibras. Quando peguei a reta final de prova e olhei a subida com a dor em força alucinante, andei mais um pouco, esperando o trecho ficar plano para conseguir trotar de novo um pouco. O pensamento na minha cabeça nesse momento era: "São Silvestre é aperitivo perto dessa aqui"

A vista de mais uma subida ainda no trecho da rodovia parecia interminável, comigo capengando, sentindo bastante. Minha mãe tirou uma foto minha nesse momento:
Corpo pesado, turbilhão de emoções, cansaço evidente e eu seguindo em frente... Desistir nunca foi uma opção!

Já nos metros finais de prova, avisto meus pais do lado ali e ganho um pouco mais de força para concluir. Estava entorpecido pelo cansaço, pelo desgaste. Eis que chegando perto... gravo esses vídeos. Perdoem minha cara de doente nessa hora... mas eu estava destruído...


Chego no túnel em fim de prova, abaixando a cabeça e orando, agradecendo a Deus. Desistir jamais foi meu lema. Se eu comecei, eu vou terminar.  Mais uma vez, depois que peguei a medalha e disse para meus pais que voltaria andando para não “travar” a musculatura, o pensamento se entrega a uma emoção interna, profundamente comovido com tudo aquilo. O tempo naquele dia permaneceu nublado, mas com uma onda de calor moderada, uma espécie de “mormasso”. Estava quente... Permito – me em silêncio emocionar comovido com a beleza de ter concluído mais um desafio. Eu jamais me entrego á dor. Eu corri os últimos 4km na base da raça e puro coração. Corri com o coração. Com a alma de um corredor insano, entregue a própria felicidade.
Caldas Novas entra na minha lista, como a corrida mais dura que fiz em toda a minha vida. Foram 21km inesquecíveis! Ano que vem, voltarei! Tenho absoluta convicção que se me faltarem pernas, meu coração me leva onde eu quero! Meu lema, minha direção: SEMPRE!



Meu pai, me dando apoio e força moral!


Chegada triunfal! 21km na conta!!


Corpo entregue ao cansaço, a dor.

Absolutamente nada me tira o sorriso de ter completado mais uma prova!!! Cara feia pra caralho, mas feliz demais!!!


Voltei para Goiânia leve, tranquilo e parando para saborear um quibe no Kibarlana, com o corpo quase anestesiado e o coração em paz. O que prometo a mim, eu cumpro.

Muito Obrigado a todos, um grande abraço!!

Professor Ricardo Carneiro

ricardo.aesp@gmail.com

SEMPRE!

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